sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Conecte-se com o Leitor


Blogs novos surgem todo dia. Acredito que todos nós temos um pouco de escritores, de cartunistas, de stand up, de cozinheiros, etc. Todos nós sabemos fazer uma ou outra coisa de qualidade. Só que depois de um curto momento inspirado, continuar a fazer a mesma coisa e com qualidade requer um pouco mais do que isso. Requer persistência, aptidão e talento. Acho que todo o mundo já conheceu blogs que começaram com postagens excepcionais e depois o autor cansou. E quando blogueiro cansa, ele começa a fazer assim:

Gosto muito da música Siempre me quedará, da Bebe. Olha que linda a letra:
Cómo decir que me parte en mil
Las esquinitas de mis huesos?
Que han caído los esquemas de mi vida?
Ahora que todo era perfecto
Y algo más que eso
Me sorbiste el seso
Y me deciende el peso
De este cuerpecito mío
Que se ha convertío en río
De este cuerpecito mío
Que se ha convertío en río
(seguem todos os versos da música)
E só. O leitor que se vire. Pior ainda quando a pessoa coloca a tal música ou poema em uma língua estrangeira. Além de tentar adivinhar o porquê aquela música é bonita, ainda tenho que saber línguas? Quando vejo posts assim, já sei que o blog está morrendo e não apareço mais.
Para qualquer assunto, é preciso criar uma conexão com o leitor. Se fosse para ler poesias ou ouvir música, cada um procuraria os sites adequados. Tudo bem colocar uma citação, mas que ela faça sentido também para quem lê. Se ela marcou um período da tua vida, ou te diz muita coisa, explique! Faça com que o leitor veja aquilo através dos teus olhos. (Ah, não se esqueça de traduzir, porque ninguém é obrigado a conhecer outras línguas para ler sites brasileiros)
O mesmo post, a mesma música, pode ficar melhor com um pouco mais de empenho:
Conheci a música Siempre me quedará, através do Facebook de um amigo espanhol. Essa cantora, Bebe, é muito famosa lá. Ela tem apenas dois CDs; um deles – Y. – eu já comprei e quero muito o outro. Siempre me quedará pertence ao primeiro CD (Pafuera Telarañas), que é mais intimista e me agrada mais.  Acho esta música de uma melancolia imensa, de uma saudades que demonstram que nada de importante se vai sem deixar um rastro. Gosto da fragilidade que ela expõe. O clipe, na realidade, me incomoda um pouco – me sinto sufocada vendo as bolhas de ar saindo do nariz. Pesquisando no youtube, descobri que dizem que a música fala de um aborto que Bebe teria sofrido. Isso enche de sentido os versos que ela diz deste cuerpecito mio que se ha convertido en rio (desse corpinho meu que se converteu em rio), que dulce fue tenerte dentro (que doce foi tê-lo dentro), la flor que cresce en mim (a flor que cresce em mim), dentre outros.
Não ficou mais interessante? No primeiro caso eu apenas coloquei, e no segundo eu contei uma história, falei o que eu vejo e sinto em relação àquilo. É isso que o leitor busca.

Postado por Caminhante Diurno, no blog parceiro Livros e Afins.

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